quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

A vocação ao matrimônio


O Sacramento do Matrimônio é doação. É a união por meio da qual os esposos se entregam totalmente um ao outro – similar ao amor de Deus pelo seu povo, à Igreja, e ao amor de Cristo que se entregou em sacrifício pela salvação da humanidade. Matrimônio é vocação. É um caminho pelo qual os esposos devem buscar viver a beleza da santidade enquanto alcançam a realização de seus sonhos.
O Catecismo da Igreja Católica (CIC) indica que o amor é a vocação de todos nós:“Deus, que criou o homem por amor, também o chamou para o amor, vocação fundamental e inata de todo ser humano. Pois o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, que é amor. Tendo-os Deus criado homem e mulher, seu amor mútuo se torna uma imagem do amor absoluto e indefectível de Deus pelo homem. Esse amor é bom, muito bom, aos olhos do criador, que ‘é amor’ (1Jo 4,8.16)” (CIC 1604).
O amor entre os esposos reflete o amor de Deus por cada um de nós, por isso a vocação ao matrimônio se faz importante para a Igreja. Diz o Papa Francisco em uma de suas catequeses sobre a família que “a aliança conjugal é algo que enriquece a Igreja” e que para viver a vocação ao matrimônio é preciso “um grande ato de fé e de amor”. Esse movimento de amor “testemunha a coragem de acreditar na beleza do ato criador de Deus e de viver aquele amor que leva a ir sempre além de si mesmo” (catequese do dia 6 de maio de 2015).


Contudo, viver a vocação do matrimônio é um desafio constante. Ambos precisam estar comprometidos a viver a promessa do amor conjugal. Para ser ajuda para o outro é preciso primeiramente aceitá-lo como ele é: suas qualidades e defeitos.

Acolher o outro na totalidade de sua verdade, ser compreensivo, companheiro e, na medida em que o outro sentir necessidade de mudar em alguma atitude, saber orientá-lo para dar a ele a oportunidade de fazê-lo crescer como pessoa.

Mais do que ciente das dificuldades e tormentos que ameaçam a família, a Igreja visa amparar seus filhos e filhas a viverem bem sua vocação ao matrimônio. São João Paulo II, enquanto Papa, orientou a Igreja a ver e a cuidar dos esposos como o “santuário da vida”, pois é no seio da família que se encontra uma escola de santidade e cultivo das virtudes (cf. Carta às Famílias, 1994). Mas, na prática, o que a Igreja propõe aos esposos para que possam bem viver a vocação ao matrimônio?
Sendo o amor entre os esposos a revelação do amor de Deus por nós, não podemos melhor manifestar o amor tendo como fonte o próprio amor do Criador. Por isso faz-se indispensável ao casal alimentar sua vida espiritual, ou seja, buscar em Deus o amor para ser amor para o outro.
Somente na oração é que os esposos encontram tudo quanto necessitam para viver bem a promessa do amor conjugal. Do contrário, já alertou o Papa Francisco, por meio da Exortação Apostólica“Alegria do Amor” sobre o amor familiar, que “o enfraquecimento da fé e da prática religiosa, nalgumas sociedades, afeta as famílias, deixando-as ainda mais a sós com as suas dificuldades. Os padres disseram que ‘uma das maiores pobrezas da cultura atual é a solidão, fruto da ausência de Deus na vida das pessoas e da fragilidade das relações’” (Amoris Laetitia, 43).
Busquemos, portanto, viver em santidade a vocação ao matrimônio, pois, sim, isso é possível. Tenhamos como exemplo casais reconhecidos santos pela Igreja, como Luis Martín e Maria Zélia – os pais de Santa Teresinha – que apesar das provações, souberam viver com fidelidade suas obrigações, dando o melhor de si para os seus familiares. Este casal não viveu nada de extraordinário, mas viveu tendo Deus como o centro de suas vidas: participavam de Missas diárias, tinham suas devoções particulares aos santos e ao Sagrado Coração de Jesus – fonte do amor misericordioso –, frequentavam movimentos e pastorais da Igreja, e, principalmente, se respeitavam e vivenciavam intensamente o amor conjugal. Eis a receita para bem viver a vocação matrimonial!

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